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João Antônio Chagas

Todos temos uma história pra contar...

 


 

 

Um beijo antes da partida

 

Era uma noite sombria. O sino da igreja logo a baixo badalava doze vezes e o barulho ecoava ao longo dos ventos que cortavam a pequena cidade. No campo gramado semi-deserto estavam eles, os dois, ele e ela, unidos num abraço impulsivo, Dalton olhou os olhos de sua amada, eles brilhavam refletindo a luz branca das estrelas e o clarão do seu amor. Juliana olhou os lábios dele, eram vermelhos, molhados, entreabertos implorando um beijo.

As bocas se uniram, a mão dele colou-se no pescoço dela, a mão dela deslizava pelos cabelos dele. E a chuva caiu dos olhos de ambos, emocionados, extasiados pelo amor que sentiam.

Juntos, os corações pulsavam juntos em um coro lindo e o amor era exalado em feixes cor de rosa que emergiam das bocas coladas. Ele disse eu te amo, ela disse que voltaria, ele disse que enquanto houvesse vida em seu corpo toda ela, ele lhe dedicaria. Deitaram-se na grama quase alta, ninguém em um raio de dois quilômetros, a lua banhava de prata os loucos apaixonados. Deitada, Juliana deixou-se ser coberta pelo corpo viril de Dalton. Um beijo inevitável, a mão dele deslizava passeando pela pele macia da amada, acariciando os cabelos, o pescoço, descendo os dedos até o ombro da jovem virgem. Aos poucos, lentamente, vagarosamente o virgem retirou as vestes da virgem e acariciou seus seios, as bocas voltaram a se unir num entregar mútuo, em carícias instintivas, em abraços suaves. Ele tirou a camiseta revelando o peito largo, ela soltou o cabelo louro e macio. Cobriram-se com seus próprios corpos nus e no intimo mais sagrado da mais pura paixão, se amaram suave e rapidamente, selvagem e do modo mais inocente que se possa imaginar. Entrelaçaram os dedos das mãos e deixaram que o amor possuísse seus corações.

Eram um só corpo, um só coração e um só sentimento. Eram um só beijo e um só sonho.

Logo após o primeiro amor, ela repousou a pequena cabeça de cabelos dourados no ombro do seu amado e olhou as estrelas, as mesmas estrelas que batizaram sua passagem efetiva para aquilo que se chama: mulher. Ele sentiu a cabeça dela repousando sobre seu ombro e se sentiu dependente dela, sem ela, ele morreria. E ele ficaria sem ela em poucos dias.

Logo ela partiria em uma viajem de cinco anos e os sonhos que construíram, seriam desfeitos e os beijos que ele lhe dera , seriam esquecidos. Você se lembrará de mim?Eu jamais o esquecerei. Se lembrará do meu beijo? Ela levantou sua cabeça e o beijou. Eu quero o seu beijo sempre.

- Eu não vou suportar sua ausência.

As lágrimas cobriram seus rostos e num choro convulsivo, seus olhares se cruzaram. Um grande nó formou-se na garganta de ambos e ali fizeram juras.

- Promete que nunca vai me esquecer? Disse ele, num quase grito abafado pelo choro.

- Eu te amo mais que a minha própria vida!

Você é o ar que eu respiro, é o sangue que impulsiona a minha alma. Seu amor corre em minhas veias e o seu sorriso está tatuado nos meus olhos.

Ambos choravam, choravam sem medo e sem vergonha, choravam um pranto sentido, um pranto que desafogava seus corações. Porque essa viagem? Por que esse intercâmbio? Tudo pro inferno! Tudo pro inferno!Porque o amor dói tanto? Porque o amor...

- Eu te amo tanto...

- Eu te amo tanto...

E mais uma vez tentaram se beijar, mas as bocas não se encontraram. Lembraram-se que logo não poderiam mais sentir o gosto adocicado daqueles beijos, que logo suas almas seriam separadas.

Tentaram se beijar e suas bocas não se encontraram...